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Fundo Brasil | Violência, comunicação e novas mídias provocam debate em seminário

Os temas estiveram no centro de evento realizado pelo Fundo Brasil com a participação de ativistas

seminario_viol_comun_dhInterligados aos direitos humanos, a violência e a comunicação foram os temas debatidos na quinta-feira, dia 23, em seminário realizado pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos na FGV Direito SP (Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas).

Comunicadores e ativistas debateram o cenário atual e as alternativas para enfrentar a onda conservadora vivida pelo país, como o fortalecimento das estratégias de comunicação e as formas de chegar à mídia hegemônica.

O seminário contou com duas mesas de debates com a participação de convidados ligados aos temas e a exibição especial do documentário “Defensorxs”, uma produção da campanha “Somos todos defensorxs”, desenvolvida pelo Coletivo Intervozes, Justiça Global, Plataforma Dhesca e MNDH (Movimento Nacional de Direitos Humanos).

Mediada por Átila Roque, diretor vice-presidente de Projetos do Fundo Brasil e diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil, a mesa “Textos e contextos – Comunicação, violência e direitos humanos” contou com a participação dos jornalistas Flávia Oliveira (jornal O Globo/Globonews) e Renato Rovai (revista Fórum).

Rovai apresentou casos de violência em que a mídia alternativa foi fundamental para a divulgação e mobilização, como o suposto espancamento da travesti Verônica pela polícia de São Paulo e o vídeo em que uma repórter de programa sensacionalista humilha um jovem negro numa delegacia de Salvador (BA).

Na opinião do jornalista, a mídia eletrônica é a principal responsável pela criação de um ambiente em que as conquistas históricas dos movimentos sociais são questionados e ameaçados.

Rovai defendeu a ocupação dos espaços de disputa pelos movimentos sociais e fez uma afirmação polêmica: a esquerda é mais conservadora do que a direita na questão do uso da tecnologia para comunicar.

Flávia Oliveira também esquentou o debate ao afirmar que, por causa da aversão à grande imprensa, os movimentos sociais desperdiçam a possibilidade de espaços de divulgação.

“É preciso tapar o nariz e ir para o debate”, disse.

Para a jornalista, é um movimento interessante encontrar pessoas na imprensa com disposição para dialogar e mostrar as ações sociais.

Átila Roque também defendeu que sejam encontrados espaços de ressonância para o trabalho dos ativistas. Na Anistia Internacional, por exemplo, atender a imprensa é uma prioridade.

Contrainformação

À tarde, a mesa “Políticas, novos conteúdos e contrainformação” reuniu Jacira Melo (Instituto Patrícia Galvão), Pedro Ekman (Intervozes), Laura Capriglione e Rafael Viela, ambos do coletivo Jornalistas Livres.

Os monopólios na mídia, a concentração de poder na área da comunicação, a luta pelo marco regulatório, a importância da produção de conteúdo e a influência do jornalismo independente foram assuntos que estiveram no centro das discussões.

“Temos sido pouco hábeis no contato com a sociedade”, opinou Jacira.

Na avaliação dela, a mídia tradicional ainda tem muita importância, mas a internet trouxe mudanças significativas. Ela criticou a desagregação dos movimentos sociais e chamou a atenção para o fato de questões como a corrupção, o desemprego e a crise econômica serem pouco discutidas nos debates em que participa.

Para Jacira, a comunicação precisa ser mais clara, com posicionamentos diretos.

Ex-repórter de veículos como a Folha de S. Paulo e Veja, Laura Capriglione falou sobre o recém-fundado Jornalistas Livre e deu um recado sobre a necessidade de usar os instrumentos da comunicação em favor das causas sociais: “A lição de casa precisa ser feita hoje”.

Ela defendeu a articulação dos movimentos em rede e o uso das novas tecnologias a favor das causas sociais.

Laura acredita que, além de analisar as dificuldades, é preciso também contabilizar as vitórias.

“A sociedade brasileira não aceita mais que as mortes de negros sejam apenas estatística. E quem construiu isso foi a mídia independente”, citou como exemplo. “Acho que no Brasil o bem é maior que o mal”, concluiu.

Ativistas sociais de várias regiões brasileiras participaram do seminário, fizeram questionamentos e colocaram suas posições em relação aos temas debatidos.

Para conferir as fotos do evento, clique aqui!


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Por Fundo Brasil de Direitos Humanos