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Nota de Repúdio ao crime de incitação à violência sexual contra nós mulheres

Nota de repúdio à produção, divulgação e comercialização de adesivos de automóveis que atentam criminosamente contra a imagem da Presidenta Dilma Rousseff.

Nós, da Articulação de Mulheres Brasileiras e da Articulação Feminista Marcosul, vimos a público manifestar nosso repúdio à produção, divulgação e comercialização de adesivos de automóveis que atentam criminosamente contra a imagem da Presidenta Dilma Rousseff.  Repudiamos que essa imagem seja divulgada pelo canal de comunicação G1, vinculado à Rede Globo, como uma “forma de protesto”, e consideramos que ao fazê-lo este canal comete um crime de incitação à violência sexual pelo qual deve ser responsabilizado, assim como devem ser responsabilizados o site que o comercializou e aqueles que o divulgarem. Para nós, em uma democracia, a violência contra as mulheres jamais poderá ser considerada uma forma de protesto. Violência contra as mulheres é crime!

Em uma sociedade patriarcal, a violência sexual vem sendo utilizada sistematicamente para subjugar a nós mulheres, nos dominar, nos desqualificar, nos castigar pela transgressão e pela busca permanente de sermos donas de nossos projetos de existência, é roubar nossa possibilidade de existir e ser com autonomia, rompendo as regras de sujeição que o machismo nos impõe, todos os dias. A imagem veiculada no adesivo violenta a todas nós mulheres brasileiras. O recado é muito explícito: é permitido invadir, utilizar, mercantilizar, violentar, devastar o nosso corpo e a possibilidade de existirmos como seres autônomos. Trata-se, portanto, não somente de uma apologia ao estupro, mas de uma autorização tácita para se violentar todas as mulheres, inclusive como instrumento de correção. É uma violência simbólica que reduz nós mulheres à condição de objeto e nos retira do lugar de sujeitos.

A Presidenta é vítima da violência machista. É por ser mulher que é atacada dessa forma.  Nesse sentido, não é à toa que a presidenta foi escolhida nesse contexto de avanço do conservadorismo fundamentalista patriarcal. Difundir e naturalizar o uso dessa imagem é, na nossa perspectiva, ser cúmplice da violência, é praticar o crime de incitação à violência sexual contra as mulheres, em um país em que, todos os dias, em intervalos de minutos, uma mulher é estuprada e morta pelo machismo. Ademais, depreciar a imagem de uma presidenta é mais que depreciar a sua imagem, é desqualificar a imagem da instituição presidência, é por em questão a possibilidade das mulheres ocuparem lugares de poder. Para que a violência contra as mulheres tenha fim, é necessário enfrentar os valores e ideias que ainda naturalizam este tipo de violência e que tentam justificá-la e banalizá-la.

Manifestamos nossa solidariedade feminista à Presidenta Dilma Rousseff e a todas as meninas e mulheres que são vítimas da violência patriarcal no Brasil e no mundo. Mexeu com uma, mexeu com todas!

 

Por mim, por nós e pelas outras!  

Por democracia no mundo e nas nossas vidas!

Fim à violência contra as mulheres!

 

Assinam esta nota:

Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB)
Articulação de Mulheres Brasileiras – RJ
Articulação de Mulheres do Amapá
Articulação de Mulheres do Amazonas
Articulação de Mulheres do Mato Grosso do Sul
Articulação Feminista Marcosur (AFM)
Cfemea – Centro Feminista de estudos e assessoria – Brasilia
Coletivo Autônomo  Feminista Leila Diniz – RN
Cunhã Coletivo Feminista – João Pessoa -PB
Fórum Cearense de Mulheres
Fórum Goiano de Mulheres
Fórum Estadual de Mulheres Maranhenses
Fórum Estadual de Mulheres do Piauí
Fórum Estadual de Mulheres do Rio Grande do Norte
Fórum de Mulheres do Distrito Federal e Entorno
Fórum de Mulheres do Espírito Santo
Fórum de Mulheres de Lauro de Freitas (BA)
Fórum de Mulheres de Manaus
Fórum de Mulheres de Mato Grosso
Fórum de Mulheres de Pernambuco
Fórum de Mulheres de Santa Catarina
Fórum de Mulheres de Sergipe
Fórum de Mulheres do Tocantins
Núcleo de Mulheres de Roraima
Rede de Mulheres em Articulação da Paraíba
REDEH – Rede de Desenvolvimento Humano
SOS Corpo Instituto Feminista para Democracia