Notícias

Relatora da ONU é informada sobre massacre de indígenas no MS

A Relatora de Direitos Humanos e Povos Indígenas da Plataforma Dhesca, Erika Yamada, enviou ainda no dia de ontem (14) um comunicado à Relatora Especial da ONU sobre Povos Indígenas, Victoria Tauli-Corpuz, denunciado o massacre contra uma comunidade Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul. O ataque, promovido por pistoleiros a mando de fazendeiros da região, resultou em muitas pessoas indígenas feridas, incluindo crianças, e na morte de Clodiodi de Souza Guarani-Kaiowá.

No documento, Erika Yamada pede à Relatora da ONU que solicite informações dos governos Federal e Estadual do Mato Grosso do Sul sobre as medidas tomadas para punir os responsáveis pelos crimes e prevenir que novas ações como esta aconteçam.

Segue abaixo o comunicado enviado pela Relatora Erika Yamada:

Estimada Victoria

Escrevo como Relatora Nacional de Direitos Humanos e Povos Indígenas para compartilhar informações recebidas hoje (14/06) a respeito de um ataque armado contra uma comunidade Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul (desde 2015 houve 25 ataques, conforme relatado pelo Cimi), que resultaram em muitas pessoas indígenas feridas, incluindo crianças, e a morte de Clodiodi de Souza Guarani-Kaiowá, 26 anos.

Da mesma forma que os outros ataques sofridos pelo povo Guarani-Kaiowá, e conforme foi relatado diretamente a você durante sua visita na região neste ano, o ataque ocorreu em uma área reconhecida pelo Estado brasileiro como uma terra indígena (Dourados – Amambaipegua) – embora a demarcação só esteja em sua fase inicial, tendo seus estudos de identificação publicados pela Funai no mês passado, depois de um processo muito longo de proteção dos direitos à terra.

Recentemente a comunidade recuperou a área, voltando a ocupar parte dela (onde uma “fazenda” havia sito estabelecida), mas contrários a isso um grupo de homens armados, supostamente organizados pelos fazendeiros, atacou violentamente a comunidade. Podemos encontrar alguns vídeos postados no facebook onde você vê um número de carros e homens atirando. É outra clara represália contra qualquer medida no sentido do reconhecimento do direito à terra dos povos indígenas nesse Estado, com repercussões para o país.

Considerando sua compreensão profunda e sensível sobre o assunto, acredito que será muito importante para mostrar que a Relatoria Especial da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas também está em alerta, para solicitar informações dos governos Federal e Estadual (Mato Grosso do Sul) sobre as medidas tomadas para punir e prevenir tais ações, bem como a considerar no seu relatório.

Informações mais detalhadas estão sendo preparadas por Aty Guaçu, CIMI , FIAN e outros parceiros no território, mas, talvez, dar visibilidade a ela será crucial para evitar novos ataques. Há rumores de que novos ataques estão prestes a acontecer.

Atenciosamente,

Erika Yamada
Relatora de Direitos Humanos e Povos Indígenas
Plataforma Dhesca Brasil