Foto: Reprodução – Wikimedia – Mabscoito
A Plataforma Dhesca Brasil vem a público declarar repúdio à violência da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo – GCM em seu tratamento com as pessoas em situação de rua e àqueles que historicamente se colocam ao lado das populações vulneráveis.
Na última sexta-feira, 14 de agosto, o padre Julio Lancellotti, conhecido por sua longa trajetória na defesa dos direitos da população em situação de rua, foi recebido pela GCM com spray de pimenta, balas de borracha e armas de choque, enquanto acompanhava junto a uma dezena de pessoas uma ação de zeladoria do município. Na ocasião, guardas civis tomaram cobertores, alimentos e, por fim, materiais de reciclagem – importante e, por vezes, única forma de sustento para pessoas em situação de rua. A ação truculenta só cessou quando, depois de apanhar muito, o jovem Diego foi encaminhado à Delegacia de Polícia.
Este fato reforça o depoimento do padre Lancellotti para o Relatório sobre o Impacto da Política Econômica de Austeridade nos Direitos Humanos, lançado pela Plataforma Dhesca Brasil, em que ressalta que as pessoas em situação de rua “estão sob ameaça ininterruptamente, seja pelas forças do Estado ou pelas seguranças particulares. Por definição, o refugiado é aquele que corre risco onde está e ninguém o aceita – o mesmo ocorre com os moradores de rua, indesejados por toda a cidade.”
Repudiamos, assim, qualquer ato que viole a dignidade destas pessoas e os seus direitos que estão garantidos por lei. As pessoas em situação de rua não podem ficar à mercê da violência gratuita e institucionalizada de entidades governamentais, como a Guarda Civil Metropolitana. Solicitamos, em caráter de urgência, a apuração do ocorrido e o fim do tratamento violento que estas pessoas vem recebendo na cidade de São Paulo, conforme aponta o Relatório da Dhesca Brasil e diversas publicações sobre o tema.