
Com o encerramento da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, em Paris (COP21), o presidente do encontro e chanceler da França, Laurent Fabius, apresentou, neste sábado, 12 de dezembro, o texto final do acordo climático. O documento entrará em vigor a partir de 2020.
Das 195 nações presentes à Convenção, 186 países apresentaram propostas voluntárias para a redução de emissões de gases de efeito estufa, que devem ser revistas e atualizadas de cinco em cinco anos. Para alguns movimentos sociais e ambientalistas, no entanto, o acordo não representou os interesses dos povos, mas sim, apenas políticos.
Segundo o secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, o acordo é resultado de um árduo trabalho, que levou anos. “A natureza está nos mandando mensagens urgentes. Temos que manter o planeta que nos sustenta”.Para o chanceler francês, o acordo foi ambicioso, equilibrado, justo e obrigatório. “O mundo inteiro prende a respiração e conta com todos nós”.
Em nota, o Observatório do Clima disse que o acordo foi um feito “histórico”, devido ao consenso “inédito” entre os países que concordaram em agir contra as mudanças climáticas e entenderam que é necessário barrar a utilização dos combustíveis fósseis e o desmatamento. No entanto, Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório, destaca que o texto ainda deixa as ações sob a responsabilidade de cada país. “Se essa vontade falhar, corremos o risco de chegar a 2030 ainda numa trajetória de 3 graus Celsius, algo incompatível com a civilização, como a conhecemos.”
Para a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, o acordo de Paris cria um “ambiente fértil” para a implementação de inúmeras propostas, no sentido de uma economia florestal e agrícola competitiva, inclusiva e de baixo carbono, em benefício do Brasil e do mundo. Porém, o grupo reconhece que as Contribuições Pretendidas Nacionalmente Determinadas (INDCs) ainda estão longe de serem suficientes para limitarem o aumento da temperatura global abaixo de 2ºC.
Em comunicado, a Via Campesina e a Confederação Paysanne apontam o acordo climático como um “circo midiático”, no qual as multinacionais foram os principais beneficiários. “Uma vez mais, é evidente que o dinheiro dita a lei, mesmo com prioridade sobre o futuro da humanidade”.
Para a organização Amigos da Terra Internacional, o acordo foi uma “farsa” e, apesar da publicidade positiva, com os políticos afirmando que é um acordo justo e ambicioso, o que ocorre é justamente o oposto. Segundo Dipti Bhatnagar, coordenadora da entidade, do programa Justiça Climática e Energia, “estão enganando as pessoas”. De acordo com a organização, interesses sobre os combustíveis fósseis de países, como Arábia Saudita e Argentina, desvirtuaram o objetivo do acordo.
Para a Fundação Rosa Luxemburgo, o acordo pode parecer um passo adiante, mas seria “cínico” utilizar o termo para julgar o resultado das negociações, em Paris, diante de milhares de pessoas, que são vítimas da mudança climático. Comparado ao que seria necessário para reduzir as emissões de carbono, o acordo seria, na realidade, “desumano, enganoso e esquizofrênico”. “Como o acordo pretende garantir esse resultado se a palavra ‘descarbonização’ nem sequer chegou ao texto?”, questiona a organização sobre a meta de limitar o aumento da temperatura global em 1,5ºC.
Fonte: Adital