Evento encerra a Conferência Latino-Americana sobre Financeirização da Natureza
Acontece em Belém (PA), na próxima quinta-feira (27/8), o debate público As negociações de clima da COP 21 e suas implicações para Amazônia. O evento encerra a Conferência Latino-Americana sobre Financeirização da Natureza que reunirá cerca de 80 pessoas ligadas a organizações da sociedade civil, movimentos sociais, sindicatos, representantes de comunidades tradicionais e indígenas dos diferentes países da América Latina.
A contagem regressiva para a COP21 já começou, pois estamos a menos de quatro meses para a reunião da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), na capital francesa, que busca estabelecer um acordo internacional sobre a contribuição de cada país para limitar o aumento da temperatura em até 2°C. Até outubro deste ano, todos os países participantes da Conferência devem apresentar as INDCs – Contribuições Internacionais Nacionalmente Determinadas, aporte de cada um para o novo acordo. O possível novo acordo do clima irá definir regras aplicáveis aos países a partir de 2020, quando entrará em vigor.
Neste contexto de negociações climáticas, a Amazônia é protagonista e assim decisões tomadas pelos países podem influenciar os modos de vida daqueles que habitam a floresta. O campo de negociações de clima muitas vezes abre terreno para a criação de novos ativos financeiros sobre os ecossistemas. A proposta chamada ‘preço ao carbono’ (carbon pricing) é um exemplo, e estimula uma arquitetura de compensações (offsets). Assim, o evento de Belém busca discutir as questões que envolvem a COP 21 e as consequências para a Amazônia sobre uma perspectiva de direitos das comunidades. A mesa será composta por Maxime Combes, representante da Attac France – uma das organizações europeias que participa das preparações das atividades em paralelo à Conferência – que apresentará o conjunto de expectativas das organizações da Europa; Marcela Vecchione, membro do Grupo Carta de Belém, importante rede da sociedade que faz a crítica as soluções de mercado para a crise climática e defende a justiça ambiental; e Giancarlo Guerra, do Forum Solidariedad Perú, que fará uma análise dos impactos nos nove países da Bacia Amazônica (Brasil, Equador, Venezuela, Bolívia, Republica Cooperativa das Guianas, Suriname, Colômbia, Peru e Guiana) e está organizando o Fórum Pan Amazônico de 2016.
A Conferência Latino Americana sobre Financeirização da Natureza
O encontro acontece de 24 a 27 de agosto, em Belém, com a expectativa de gerar muitos debates e reflexões sobre a mercantilização e financeirização da natureza que gera impactos e violações de direitos das comunidades tradicionais e riscos para os bens comuns. Segundo Maureen Santos, coordenadora do Programa de Justiça Socioambiental, há uma grande preocupação com os projetos de Pagamentos por Serviços Ambientais, como REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal). “Muitas vezes eles invertem a realidade sobre quem é responsável pelo desmatamento, além do fato de que ao ingressarem nesses projetos, as comunidades correm sérios riscos de perderem o direito a tomar decisão sobre o uso e o futuro de seus territórios e pelos impactos em seus modos de vida e identidade.”
Entre as atividades do encontro estão quatro caravanas simultâneas em diferentes municípios do Pará: Barcarena; Abaetetuba; Igarapé-Miri; Acará e São Domingos do Capim. As visitas às comunidades locais são consideradas fundamentais pelos organizadores porque irão permitir construir uma narrativa a partir dos territórios. O avanço da monocultura do dendê, a degradação ambiental provocada pela mineração e seu elevado grau de contaminação da água e do ar em contraponto com a estruturação da agroecologia, os projetos de geração de renda a partir do manejo comunitário de açaí e a resistência das comunidades serão algumas das realidades que os participantes conhecerão.
A Conferência busca fortalecer a troca de experiências e articulação entre organizações e movimentos sociais, além de avançar em estratégias de ação comum, a partir da utilização de metodologias que consigam extrair as convergências dos debates, ampliando a noção de financeirização e mercantilização da natureza como algo mais compreensível e concreto.
Promovem o evento: Fundação Heinrich Böll Brasil, em parceria com o Grupo Carta de Belém, Jubileu Sul Américas, Via Campesina, Marcha Mundial de Mulheres, Fase, Fundo Dema, Amigos da Terra – América Latina e Caribe, ETC Group, Central Única dos Trabalhadores (CUT), World Rainforest Movement, Transnational Institute (TNI).
Serviço:
Debate público: As negociações de clima da COP 21 e suas implicações para Amazônia
27 de agosto – 18h
Maxime Combes – Attac France
Marcela Vecchione – Grupo Carta de Belém
Giancarlo Guerra – Forum Solidariedad Perú
Local: Hotel Beira Rio – Av. Bernardo Sayão, 4804 – Guamá, Belém – PA
Transmissão ao vivo pela internet: http://br.boell.org/ ou http://www.ustream.tv/channel/radio-mundo-real
Programação de plenárias ao vivo na Internet:
Resgatando as experiências das caravanas e Intervenções sobre conjuntura – 26 de agosto – 9:30-13h
Camila Moreno – Grupo Carta de Belém
Luiz Zarref – MST e Via Campesina
Thomas Fatheuer – KoBra
Café com debate – 26 de agosto – 14h30 – 18h00
Palma Africana – César Herrera (OFRANEH – Honduras) e Guilherme
Carvalho (FASE – AM)
REDD+ e PSA – Ninawa Huni Kui (Aldeia Kurumêm, Yskuiá – Acre), Winnie
Overbeek (WRI) e Manoel Edvaldo (STTR-Santarém – PA)
Biodiversidade e offseting – Maxime Combes (Attac)
France e Isacc Rojas (ATI)
Indústria Extrativa – Rosa Rivero (MMM – Peru) e Julianna Malerba (RBJA)
Onde assistir: http://br.boell.org/ ou http://www.ustream.tv/channel/radio-mundo-real
Mais informações:
Manoela Vianna – assessora de comunicação da Fundação Heinrich Böll Brasil
Manoela.vianna@br.boell.org / 21 32219929 / 21 968879876 / 21 984641429
Maureen Santos – coordenadora do Programa de Justiça Socioambiental da Fundação Heinrich Böll Brasil
Maureen.Santos@br.boell.org / 21 988695323